Conta-se quando o derradeiro quilombo foi encontrado, houve uma carnificina sem precedentes de crianças, jovens e velhos. Aqueles que conseguiram fugir, foram implacavelmente perseguidos e sumariamente executados. Naquela noite, somente uma jovem escrava grávida conseguiu furar o cerco, escapando da chacina, tomando rumo ignorado pelo serrado. Ela andou dias e noites sem comer, sem beber e sem dormir vindo a falecer sob a sombra de uma frondosa árvore de galhos fortes, fartos de folhas, porém estéril.
O corpo esquálido e jazido daquela mulher se decompôs, transformou-se em húmus e sal da terra, fazendo-se fertilidade àquela árvore. Desde então, flores da cor do sol brotavam naquele tronco robusto, transformando em frutos redondos e verdes, de segurar com as duas mãos. Frutos estes quando partidos, revelava uma polpa amarelo ouro, em forma de embrião, com aroma indizível e inconfundível paladar. Assim, os nativos do cerrado deram o nome a este fruto de pequi.
Hoje, conhecidos por pequizeiros todas as árvores mães que geram estes frutos em abundância, garantido sustâncias a quem tem fome e sede, descanso a quem tanto labuta, restaura a virilidade dos homens e dá vida longa às mulheres que um dia deram a luz.
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